Pandemia do novo coronavírus afetado rotina de aulas de 964 presos na região de Campinas | Campinas e Região
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Uma pandemia do novo coronavírus mexeu com a vida dos brasileiros, inclusive aqueles sob a tutela do estado. Além da proibição de visitas, as unidades prisionais tiveram de fechar salas de aulas para evitar risco de contaminações. Com isso, os presos da educação de jovens e adultos, assim como os estudantes de estudantes em São Paulo, têm de se adaptar ao "ensino remoto". Na região de Campinas (SP), 964 deles fornecem materiais desde maio para prosseguir os estudos dentro das celas.
Ao contrário da rede estadual, que retomou parcialmente o ensino presencial, não há previsão para retorno dos professores ao sistema penitenciário – o material enviado aos presídios, no entanto, é feito por esses profissionais, das chamadas escolas vinculadoras, unidades aos quais os detentos são vinculados.
"Quando as atividades dos roteiros de estudo são concluídas pelos sentenciados, as lições são devolvidas aos professores para correção, lançamento de frequência escolar e monitoramento do aprendizado", informa, em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP).
Estudar garante ao detento uma redução da pena para cumprir. De acordo com a Lei de Execução Penal, a cada 12 horas de frequência escolar, o preso reduz um dia de sua pena.
Na região de Campinas há presos estudando em oito unidades (veja números abaixo). A maior parcela tenta cumprir as exigências do ensino fundamental, enquanto há apenas um detento, do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Hortolândia (SP) cursando o ensino superior.
Presos que estudam na região de Campinas
Unidade prisional | Ensino Fundamental I | Ensino Fundamental II | Ensino médio | Ensino superior |
CDP de Americana | 19 | 20 | 21 | – |
CDP de Campinas | – | – | – | – |
CDP de Hortolândia | – | – | – | – |
CPP de Campinas | 36 | 53 | 50 | – |
CPP de Hortolândia | 21 | 85 | 94 | 1 |
CR de Sumaré | 7 | 11 | 10 | – |
Penitenciária II de Hortolândia | 11 | 36 | 44 | – |
Penitenciária III de Hortolândia | 13 | 70 | 65 | – |
Penitenciária Feminina de Campinas | 25 | 25 | – | – |
Penitenciária Feminina de Mogi Guaçu | 45 | 112 | 90 | – |
TOTAL | 177 | 412 | 374 | 1 |
Diretor do Grupo Regional de Ações de Trabalho e Educação (Grati) da SAP, Bruno Corrêa Múfalo explica que os desafios criados pela pandemia foram além de apenas modificar o sistema de ensino, mas foi criado um protocolo para tentar minimizar risco de contaminações na população carcerária .
O material impresso para que os presos prossigam os estudos, por exemplo, chegam a passar por uma "quarentena" antes de serem entregues aos estudantes – em unidades que imprimem o próprio kit, isso não é preciso.
"Todos os materiais que entram e saem das unidades são contaminantes possíveis, e precisam fazer o tratamento desses materiais. Como não papel não conseguimos usar uma substância sanitizante, eles devem ser adquiridos pelo menos 24 horas antes de serem entregues aos presos", explica.
Segundo Bruno, uma pandemia criou novas necessidades dentro das unidades e parte da tecnologia empregada e instalada por conta da pandemia, provavelmente veio para ficar.
"Toda mudança gera certa resistência, mas foi bem rápida uma transição. Os presos têm se adaptado e o modelo pode ser aproveitado pós-pandemia. Apenas no presencial, havia uma limitação baseada na estrutura de cada unidade, o quanto cada sala pode comportar. No modelo não-presencial, ou um mix, pode ser possível aumentar o número de presos estudando ", projeta.
Rubens Silva de Resende cumpre pena no CR de Sumaré (SP) e concluiu o ensino médio durante uma pandemia – Foto: SAP
Rubens Silva de Resende cumpre pena no CR de Sumaré (SP) e concluiu o ensino médio durante uma pandemia – Foto: SAP
Condenado a sete anos e quatro meses de prisão por furto e assalto, Rubens Silva de Resende, de 26 anos, conta as horas para conseguir a progressão de pena. Ex-dependente químico, conta que foi parar nas ruas, abandonou os estudos e embarcou na criminalidade por conta das drogas.
"Comecei com maconha, cocaína, até chegar ao crack, com 19 anos. Fui por curiosidade, mas quando cheguei no crack, acabei nas ruas, onde fiquei uns seis anos. Quando decidi aceitar ajuda e voltei pra casa, veio a condenação", conta.
O rapaz diz que esperava pelo momento em que pagaria pelos crimes cometidos. "Por mais que estava sob o efeito das drogas, muito louco, sabia que um dia pagaria pelo que fiz".
Dizendo-se completamente livre do problema – "não tenho mais abstinência", diz -, o jovem de Piracicaba (SP) sonha em começar vida nova fora do Centro de Ressocialização de Sumaré (SP), onde está atualmente.
Foi na unidade que ele concluiu o ensino médio, sendo a reta final justamente durante uma pandemia. Para ele, os primeiros momentos sem o professor por perto foram difíceis, mas veio a adaptação e o fato "de se virar sozinho" também foi um aprendizado.
"Quando voltei a estudar, depois de tanto tempo, foi difícil. Isso antes da pandemia. Daí voltei a gostar de estudar e consegui terminar. O que eu mais gosto é matemática. Hoje estou ajudando outros alunos também", completa.

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Fonte: Post Original