Saneamento, desigualdade e busca por soluções marcam Dia Mundial da Água em Um Só Planeta – Época Negócios
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Água (Foto: Pexels)
Assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para todos é um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030. Esta agenda é um benchmark, um modelo mundial para um futuro melhor em um planeta saudável. Em pleno século 21, uma em cada três pessoas no mundo ainda não têm acesso a água potável. Mais da metade da população vive sem saneamento adequado, incluindo 3 bilhões de homens, mulheres e crianças que não possuem instalações básicas para higienizar as mãos, como uma simples torneira com acesso a água limpa de casa. Os desafios são grandes, mas as oportunidades também.
Em transmissão ao vivo na manhã desta segunda-feira (22), Dia Mundial da Água, especialistas na linha de frente de projetos ambientais abordaram como desigualdades no acesso e distribuição desse recurso essencial à vida ea necessidade de ação e mudança de consciência — especialmente atualizado de crise global sanitária provocada pela pandemia de Covid-19.
A líder de Projetos Sociais do Instituto Trata Brasil, Edna Cardoso, destacou que a falta de acesso à água tratada prejudica a prevenção e controle do coronavírus. Além do uso de máscara, do distanciamento social e da higienização com álcool gel, também o uso de água e sabão é fundamental para evitar a disseminação da doença. "É a água novamente aparecendo, a água que está presente na nossa vida, no nosso dia a dia, no nosso corpo. Vemos a necessidade de ter esse bem maior para se higienizar e prevenir essa doença. ) tem seu direito negado. E isso é básico ", tal.
Gerente Nacional de Água da The Nature Conservancy Brasil (TNC Brasil), Samuel Barrêto lembrou que é fundamental que uma população se uma para garantir seu direito ao saneamento básico e cobrar das autoridades o fim da devastação ambiental, de práticas inadequadas no controle sustentável das cidades , levando a um crescimento desordenado e prejudicial para a conservação das águas. Barrêto apontou que a expectativa de aumento populacional nos próximos anos, somada à escassez de recursos naturais no planeta, leva a um desequilíbrio que precisa ser combatido.
"A conta não fecha: de um lado, todas as projeções mostram que vai haver aumento do consumo e uma mudança na disponibilidade da água. Os países da OCDE devem ter um aumento em torno de 80% no consumo de água até 2050. Ao mesmo tempo, esse estoque vai mudar, por conta do próprio comprometimento da água e das mudanças climáticas. É preciso alterar essa rota ", explicou ele. Sem isso, “a gente acaba entrando no cheque especial da água, e a gente sabe o quanto é difícil pagar essa conta”, alertou.
O Gerente Nacional de Água da TNC Brasil destacou os riscos da falta de água em quantidade e qualidade para a economia global. Já somos 7,7 bilhões de pessoas no mundo e a ONU projeta que seremos 8,7 bilhões em 2030 (um bilhão a mais em dez anos), consumindo recursos, bens e serviços que demandam água para sua produção e principalmente energia elétrica. Para Barrêto, é preciso maior engajamento do setor empresarial. "A notícia que ainda preocupa é que mais da metade das grandes empresas ainda não têm plano para enfrentar esses desafios", disse.
Humanizando os números do saneamento
O Brasil ainda tem muito a fazer para cumprir a agenda da ONU 2030. Quase metade da população continua sem acesso a sistemas de esgotamento sanitário. São cerca de 100 milhões de pessoas que utilizam alternativas para lidar com os dejetos, seja través de fossa ou despejo irregular de esgoto em rios. E de todo volume de esgoto produzido no país, só 46% é tratado, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Em mais de 16% da população, ou quase 35 milhões de pessoas, não têm acesso à água tratada.
A líder de Projetos Sociais do Instituto Trata Brasil, Edna Cardoso, citou um exemplo prático da realidade desigual no acesso à água no Brasil: na comunidade do Mutuca, no município baiano de Bom Jesus da Lapa, onde visitou uma família conhecida por uma mãe e 7 filhas que sequer tinham acesso a um banheiro.
"Cheguei na casa da Francisca e perguntei onde elas fazemiam como necessidade. Me disseram que não tinha banheiro: faziam como necessidade no mato. Isso nos choca. Porque a gente acha que nunca vai vivenciar e nem ver isso. Mas aí a gente chega em uma comunidade dessas e pensa: qual o futuro dessas meninas? ", contou.
Mas os especialistas também demonstraram otimismo. Segundo eles, o novo Marco Legal do Saneamento Básico – sancionado em julho de 2020 com uma meta de garantir que 99% da população brasileira tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e à coleta de esgoto até 2033 – um avanço importante para destravar uma grande onda de investimentos nesse setor no Brasil.
"O novo marco traz oportunidades para reverter esse cenário. A gente tem uma grande oportunidade, mas também preocupações para não gerar distorções nos setores público e privado. Nisso, as agências reguladoras de água e saneamento têm papel-chave para organizar e esses regulares serviços, garantindo preço justo, viabilizando o serviço e atendendo aos interesses da sociedade ", afirmou Barrêto.
Ambos concordam que o marco pode ser uma grande oportunidade para transformar o setor, saindo de um círculo vicioso para um virtuoso, gerando empregos e oportunidades de desenvolvimento na área enquanto se garante à população o direito ao saneamento básico. Eles também lembraram que a própria natureza precisa ser fortalecida nesse processo.
Muito mais do que investir apenas na chamada “infraestrutura cinza”, os especialistas defenderam investimentos em “infraestrutura verde”, soluções e projetos baseados na natureza para fortalecer a infraestrutura hídrica. A lista de soluções inclui desde a proteção das fontes de água, passando pelo reflorestamento e restauração de habitat de rios, até soluções que minimizem incêndios, impedindo assim a contaminação das águas.
Os especialistas também destacaram a necessidade de todos – cidadãos, poder público, empresas e terceiro setor – se unirem para, juntos, conseguir melhorar a qualidade de vida da população em geral. Só assim será possível atingir a universalização do saneamento básico e ainda garantir novas oportunidades de negócios, garantindo água em qualidade e quantidade para as presentes futuras e gerações.
Essa matéria faz parte da iniciativa # UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Conheça o projeto aqui.
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Fonte: Post Original